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TOC e Transtornos de Ansiedade: Características e Tratamentos

TOC: Definição e Características

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um distúrbio psiquiátrico que se manifesta através de obsessões e compulsões (APA, 2013). As obsessões são definidas como pensamentos, imagens ou impulsos intrusivos e indesejados que causam angústia significativa (Abramowitz, J.S., Taylor, S., & McKay, D., 2009). As compulsões são comportamentos ou atos mentais repetitivos que a pessoa se sente compelida a realizar como uma resposta a uma obsessão (APA, 2013).

Um exemplo comum é quando uma pessoa tem pensamentos obsessivos sobre germes, levando-a a lavar as mãos compulsivamente. Estes comportamentos podem ser tão excessivos a ponto de interferir na vida diária do indivíduo (Stein, D.J., & Koen, N., 2015).

Ansiedade: Definição e Características

A ansiedade, por sua vez, é uma resposta natural do corpo a situações estressantes ou perigosas (Steimer, T., 2002). Quando a ansiedade torna-se crônica, excessiva e desproporcional em relação à situação, ela pode ser categorizada como um transtorno de ansiedade (Bourne, E.J., 2015). Existem diversos transtornos de ansiedade, como o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), transtorno de pânico e fobia social. O TAG é caracterizado por preocupações excessivas e persistentes sobre vários aspectos da vida (Hoge, E.A., Ivkovic, A., & Fricchione, G.L., 2012).

Relação entre TOC e Ansiedade

É comum confundir o TOC com um transtorno de ansiedade devido à presença significativa de sintomas de ansiedade em ambos (Abramowitz, J.S., & Deacon, B.J., 2006). No entanto, o TOC é considerado um transtorno distinto de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição (DSM-5) (APA, 2013).

Existe uma intersecção entre TOC e ansiedade, pois as obsessões frequentemente geram ansiedade intensa, e as compulsões são, em muitos casos, uma tentativa de aliviar essa ansiedade (Abramowitz, J.S., Taylor, S., & McKay, D., 2009). Adicionalmente, é comum que pessoas com TOC também tenham um ou mais transtornos de ansiedade (Ruscio, A.M., Stein, D.J., Chiu, W.T., & Kessler, R.C., 2010).

Causas e Fatores de Risco

As causas exatas do TOC e dos transtornos de ansiedade são desconhecidas, mas acredita-se que envolvam uma combinação de fatores genéticos, neurobiológicos, ambientais e psicológicos (Muris, P., & Merckelbach, H., 2003). No caso do TOC, existem evidências que apontam alterações na atividade cerebral, especificamente no córtex frontal e nos gânglios da base (Menzies, L., Chamberlain, S.R., Laird, A.R., Thelen, S.M., Sahakian, B.J., & Bullmore, E.T., 2008).

Os transtornos de ansiedade também têm sido associados a desequilíbrios de neurotransmissores como a serotonina (Nutt, D.J., 2000). Experiências traumáticas como abuso ou negligência podem aumentar o risco de desenvolver ambos os transtornos (Teicher, M.H., Samson, J.A., Anderson, C.M., & Ohashi, K., 2016).

Tratamento e Manejo

O tratamento geralmente envolve uma combinação de terapia e medicação. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes para ambos os transtornos (Hofmann, S.G., Asnaani, A., Vonk, I.J., Sawyer, A.T., & Fang, A., 2012). Para o TOC, uma técnica específica chamada prevenção de resposta à exposição e ritual é frequentemente usada (Abramowitz, J.S., 1996). Medicamentos, como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), podem ser prescritos para ajudar a controlar os sintomas (Soomro, G.M., Altman, D., Rajagopal, S., & Oakley-Browne, M., 2008).

Conclusão

TOC e transtornos de ansiedade são condições complexas que requerem tratamento adequado e apoio. Com a intervenção correta, muitos indivíduos conseguem gerenciar seus sintomas e levar vidas plenas e produtivas (Goodman, W.K., & Grice, D.E., 2014). É essencial aumentar a conscientização, combater o estigma e encorajar aqueles que estão sofrendo a buscar a ajuda necessária (Corrigan, P.W., Druss, B.G., & Perlick, D.A., 2014).

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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